autocobrança e auto-compaixão

     Eu estava conversando com um amigo esse fim de semana, e ele me contou sobre esse plano de criar algum negócio futuramente. O que me chamou atenção foi que quando ele estava me contando sobre os projetos, nenhum deles envolvia a área de estudo na qual ele se formou. O que é muito comum, eu já vivi o suficiente para ver várias pessoas largando faculdade, migrando de área, concluindo uma faculdade e exercendo a carreira em outra direção. É completamente normal. Dependendo das oportunidades que você tem, eu acho que é até esperado que você tome uma determinada direção. 

    Por outro lado, o que eu nunca tinha parado para pensar é que eu tenho tanta compreensão e tanta aceitação com isso. Eu apoio 100% meu amigo, e apoio qualquer influenciador que migrou para o digital, qualquer empreendedor que decidiu seguir outro caminho. Eu só não apoio a mim. Isso é completamente normal, comum, natural. Mas não no meu caso, no meu caso é imperdoável. Eu me cobro tanto! A régua para com os outros é extremamente generosa, mas para comigo a história é outra.

    Eu não terminei nenhuma faculdade. Eu troquei de curso uma vez e tranquei outra pois decidi vir pra Austrália. Eu fui me descobrindo no caminho. Eu achei que queria estudar uma coisa, me tornar uma profissional X. Acabei mudando de ideia durante o caminho, quando pude estudar mais, testar, ver e viver aquela profissão de dentro. E isso é totalmente aceitável, quando for outra pessoa. Agora, na minha vida é inadmissível. Eu sou a minha própria carrasca.     

    Pratique autocompaixão. Eu tenho um exercício de autocompaixão que eu tento colocar em prática o mais frequentemente possível. Ele consiste em imaginar outra pessoa na sua situação, uma pessoa que você ama genuinamente. Imagine que sua melhor amiga está infeliz e quer mudar de carreira, o que você diria a ela? O que você pensaria dela? Você a julgaria? Ou você se preocuparia com o bem-estar, a saúde mental, e a felicidade dela? Esse tipo de "reframing" muda muito a perspectiva. Você pode se assustar quando decide se colocar no lugar de alguém que ama profundamente.

    Tenha coragem e leve esse exercício para outras áreas da sua vida. Não se limite a aceitar e amar suas decisões que se referem à sua carreira unicamente. Aceite seu rosto, seu corpo, as suas amizades, seus gostos, seus hobbies. Ame-se verdadeiramente e inteiramente.

sugestão de leitura:

Aceitação radical: Como despertar o amor que cura o medo e a vergonha dentro de nós

Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança pra trás