Soft life na era da sociedade do cansaço
Tenho visto a ascensão do termo soft-life para se referir a uma vida mais leve, mais tranquila, mais apreciativa. Cada vez que abro as redes sociais vejo alguém comentando e falando sobre, ou biografias do Instagram de pessoas se autointitulando praticantes de "soft-life". É comum vermos padrões contra-cultura em qualquer sociedade, mas tivemos que criar um padrão de vida que trás como referência viver uma vida leve. Isso é uma loucura na minha opinião.
A que ponto de produtividade chegamos, que hoje a contra-cultura é ter uma vida calma. Antigamente, apenas os grandes centros carregavam esse peso de "hustle-culture". Hoje em dia ninguém se salva. A internet contaminou o mundo todo. Cada vez mais a busca por calmaria, por um destino de descanso, por férias e paz. A calmaria de uma manhã no campo, de um pôr do sol na praia, de uma caminhada na natureza. Essas coisas simples que se perderam.
Quando li "Sociedade do cansaço" num primeiro momento eu não refleti devidamente sobre todos os aspectos que poderia. Numa sociedade que valoriza a produtividade a todo instante, eu até esqueci como que faz uma atividade por vez. Talvez você, assim como eu, aprendeu o multi-tasking e é praticante fanática. Eu quase nunca estou fazendo UMA coisa. Eu estou digitando e ao mesmo tempo conversando com alguém que se aproxima. Eu estou no ônibus a caminho do trabalho ouvindo um podcast e terminando de mandar um email. Eu estou treinando e respondendo mensagens no WhatsApp. E o pior, eu não sou a única. Eu gostaria de dizer que essa doença só tem uma portadora, mas não. Ao olhar pros lados podemos perceber que estamos todos, ou pelo menos a maioria.
A cobrança pelo sucesso, a vontade de vencer, a incapacidade de lidar com a improdutividade, o cansaço são sintomas comuns na sociedade descrita por Byung-Chul Han. Mas a que preço?
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