Como parar de sentir vergonha?

 Bom dia vida!

Estou lendo o livro da Brené Brown, que chama A arte da imperfeição. E esse livro tem me ajudado demais, pois há um tempo busco ser uma pessoa mais autêntica, mais honesta comigo mesma, mais transparente. Eu aprendi ao longo da minha vida a me esconder, a me encolher para caber em alguns lugares, para ser aceita, para ser amada. E a minha dificuldade hoje é fazer o caminho contrário. Eu também estou lendo outro livro que ilustra muito bem essa situação que estou vivendo, e que todos vivemos de alguma forma, ele dizia algo como "a criança de sucesso consegue deixar seus pais, mesmo que temporariamente, e fazer amigos. O adolescente de sucesso deve deixar seus pais e se tornar como todo mundo. Ele deve se integrar com o grupo, para poder ultrapassar a dependência da infância. Uma vez integrado, o adulto de sucesso deve aprender como ser suficientemente diferente de todos", esse trecho é do livro 12 Regras para a vida, um antídoto ao caos de Jordan Peterson. Essa frase me fez pensar que sim, precisamos parecer com todos na adolescência, mas quando nos tornamos adultos só queremos ser nós mesmos, e esse é o grande desafio.

O livro "A arte da imperfeição" é incrível, e a escritora não deixa de dar exemplos da própria vida, o que tem me constrangido muito por me reconhecer nela, por me simpatizar com as situações que ela viveu, por muitas vezes ter vivido algo parecido e ter tido reações parecidas. 

O livro fala sobre aquilo que nos impede de ser felizes, autênticos e completos. A própria autora comenta da dificuldade de olharmos para esses empecilhos, pois é onde mora nossa vulnerabilidade.  

Acho incrível como a Brené define vergonha: "uma forte dolorosa sensação de acreditar que somos imperfeitos/falhos e por isso não somos merecedores de amor, conexão e pertencimento". Ao me deparar com essa definição eu comecei a me perguntar quantas vezes eu já não me senti assim, envergonhada! E com certeza não fazia ideia do que estava sentindo, na verdade quando envergonhada eu sempre me senti indigna, não merecedora de estar ali, desprezível, imprópria. E não sabia identificar a vergonha nessas sensações. Hoje, depois de entender um pouco mais sobre vergonha, consigo olhar pra trás, pra algumas situações, recentes ou não, e pensar "nossa como me envergonhei daquilo" ou "ah, aquela sensação horrível era vergonha".

É engraçado olharmos para o significado e pensar "mas quem define quem merece ou não", que somos imperfeitos e falhos é verdade, é humano, mas quem julga aqueles que merecem ser amados ou pertencentes? É uma responsabilidade muito grande até mesmo para nossa mente, e escrevo isso desafiando minha linha de pensamento, pensando nos momentos que senti vergonha. Quem sou eu para dizer se sou digna ou não de amor, conexão ou pertencimento? Ou quem nesse mundo, que é tão falho quanto eu, pode me dizer se sou digna ou não? Ou somos todos dignos, ou nenhum de nós é, pois somos todos humanos, capazes e aptos de errar.

O livro é incrível e merece a leitura, mas aqui vão algumas dicas para "parar de sentir vergonha" se é que isso é possível, ou melhor, para lidar melhor com a vergonha:

1. As pessoas não prestam tanta atenção em você como você imagina:

Às vezes, criamos tantos cenários na nossa cabeça do que poderiam nos envergonhar, do que poderia nos constranger e na maioria dos cenários nós somos o centro das atenções. A verdade é que, pra cada um de nós existe um centro diferente, cada um pensa, mesmo que pouquinho, mais em si do que nos outros. Cada um de nós é protagonista da própria história, o que se passa com os "figurantes" nem sempre é relevante. Então possivelmente, você está dando uma importância tão grande pra sua vergonha, mas as pessoas ao seu redor podem nem notar. 

Eu percebo que agora morando fora eu tenho muito menos vergonha, e olha que já passei por muitas situações constrangedoras aqui. Mas a verdade é que ninguém me conhece nesse país, se falar algo de mim vai ser pra alguém que eu também não conheço kkk. Eu não me importo com o que vão falar, ou se estou bonita o suficiente, ou se tem algo de errado comigo ou minha aparência, pois nenhuma dessas pessoas fazem ideia de quem eu sou, e mesmo que soubessem, não mudaria nada, pois só eu sei o que estou passando. Acho que o fato de alguém te conhecer ou ter algum vínculo só abre espaço pra mais empatia pela sua situação. 

2. Não julgueis e não sereis julgado:

A partir do momento que você para de se importar com a vida alheia seu ponto de vista muda, sua percepção muda, suas prioridades mudam. Quando você não julga as pessoas ao seu redor, quase automaticamente você para de se importar com os julgamentos delas também. Como disse, ninguém vive o que você vive, ninguém sabe o que você sente. E se você tem pessoas que sabem o que você vive e sente, então o amor delas e compaixão por sua situação deve ser suficiente pra eles também não te julgarem. 

Há alguns anos venho praticando o não julgamento, e posso dizer que não há nada mais libertador. "Nossa olha como aquela pessoa está vestida" - ela deve se sentir bonita assim. "Que estranho ela dizer aquilo" - a pessoa deve ter os motivos dela, talvez se estivéssemos na mesma situação diríamos o mesmo. FIM.

Não há motivos pra colocar lenha em conversar denegrindo o próximo. Se existe amor, não há porque existir esse tipo de conversa. Compartilhe o amor que há dentro de você, faça o dia de outras pessoas mais leve e positivo, se ocupe com coisas que acrescentem no seu dia e no dia dos outros. Isso vai te manter ocupada o suficiente. 

3. Não controlamos o que passa na cabeça dos outros:

O que pra você pode ter sido algo muito vergonhoso, pros outros foi só engraçado, ou nem foi nada significativo. Muitas vezes criamos conspirações sobre o que os outros vão pensar, mas a verdade é que independentemente se a pessoa pensar ou deixar de pensar algo sobre você, isso não está no seu controle. 

O que está no seu controle é você fazer o bem, ou aquilo que te faz feliz. 

4. Vergonha é uma emoção:

Como qualquer outra emoção, ela vai passar com o tempo, vai diminuir. Tente aliviar sua mente, ou distrair com algo que te ajude. Escrever seus pensamentos em um diário ou contar a situação para um amigo pode te ajudar a encontrar seu amor próprio e sua humanidade dentro de você. Todos passamos por situações constrangedoras de vez em quando, e é comum nos sentirmos envergonhados, mas não deixe isso te consumir. Você merece amor e é humano como todos nós. 

Uma última dica é a leitura do livro A arte da imperfeição e dos outros da Brené Brown. Ela escreve muito bem sobre o assunto, e a palestra dela no TEDtalk é maravilhosa também. 

Se cuidem.

Com amor, Letícia

Comentários

Postagens mais visitadas