Como eu tenho tratado a minha ansiedade

 Cada vez que olho ao meu redor, vejo mais e mais pessoas passando por episódios de ansiedade, acredito que muitas delas sofrendo por conta da pandemia, o cenário instável, a falta de perspectiva de futuro, a preocupação constante sobre muitas coisas. Me assusta muito os dados sobre como essa doença tem crescido. Hoje, com o cenário pandêmico eles só pioram, as pessoas isoladas, a sensação de estar sozinho, o medo do futuros, e muitos outros agravantes. No contexto do isolamento, 80% da população brasileira se tornou mais ansiosa, em comparação ao outros países em que apenas 30% da população apresentou-se assim, segundo estudo conduzido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Brasil ainda é o país com maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo, e o quinto no ranking da depressão segundo a Organização Mundial da Saúde. A nossa população carece de saúde mental.

Eu acredito que a ansiedade não se resolve com algo mágico, uma cura, uma única ação, mas sim um conjunto delas até que se tornem hábitos. Hoje vou compartilhar como eu tenho tratado a minha ansiedade. Lembrando que eu não sou profissional da área de saúde mental, e se você está lendo esse artigo e passando por isso, sugiro que busque ajuda profissional. 

Ansiedade nada mais é que a preocupação ou medo extremo do futuro. Comigo, os pensamentos sobre cenários horríveis eram o que prevalecia, frustrações que eu poderia ter, perdas, atitudes de outras pessoas que poderiam me influenciar negativamente, não conseguir alguma coisa que eu estava me dedicando, falhar, me machucar emocionalmente e assim por diante… Minha mente usava toda a energia para criar pensamentos negativos sobre o que poderia acontecer e não dividia sinapse nenhuma com meu trabalho, meus estudos ou até mesmo minha vontade de pegar no sono, atitudes rotineiras se tornavam uma batalha. E ao acreditar em cada um desses pensamentos que a minha mente produzia eu já estava em meio a uma crise de ansiedade. Eu dificilmente conseguia me tirar dessas situações, ou afastar desses pensamentos, eu me sentia refém deles e vítima dessa realidade. Às vezes demorava um dia pra eu sair dessa situação, às vezes dias. Até que um dia eu não tive escolha a não ser lidar com esse problema.

A minha trajetória pra fora da ansiedade:  a tomada de consciência e controle dos meus pensamentos

 Por muito tempo eu vivi sem saber que eu poderia controlar meus pensamentos e que minhas ações são fruto dele. Eu era definitivamente uma vítima do que eu pensava, deixava a minha cabeça me levar aonde quer que fosse, sem controle algum. Por muito tempo foi difícil viver dentro da minha cabeça, ouvindo o que eu tinha a dizer pra mim, pois a maior parte do tempo eu era muito dura e crítica comigo mesma, não tinha compaixão por mim. 

A primeira atitude que me ajuda a enfrentar as crises, sem dúvidas uma das melhores, é a respiração. Focar na respiração e controlá-la sempre me ajuda a sair de um estado ansioso para um nível mais calmo. Eu sempre tento dirigir minhas atenções para o meu pulmão, pro ar entrando e saindo, como o meu corpo se mexe enquanto isso tudo acontece, que partes eu sinto o ar, que temperatura está esse ar. E isso vai automaticamente tirando minha atenção do problema pelo qual estou ansiosa. O simples fato de ter consciência da respiração, do presente me ajuda muito, muda muito o foco da minha atenção.

Segundamente, e interligada com a respiração, a meditação é essencial pra mim. Sempre que estou em uma crise de ansiedade busco meditar, é difícil pensar como uma mente ansiosa conseguiria meditar, mas acredite é possível, e se eu consegui com toda certeza você conseguirá. Eu começo observando minha respiração, e hoje, naturalmente já consigo entrar num estado meditativo, mas quando minha mente está muito agitada eu sigo alguma meditação guiada, se você buscar no Youtube encontrará inúmeras. A meditação me ajuda a enxergar meus pensamentos de fora, quando não tenho um foco como a respiração, eu apenas observo os pensamentos que veem à minha mente e deixo-os ir. Eu tento prestar atenção no que se passa dentro da minha cabeça, que pensamentos eu tenho? Que diálogos nutro comigo mesma? 

Quando essas duas ações não funcionam eu anoto tudo que passava pela minha mente, para fazer uma análise mais sensata, nem tudo que eu penso é sempre verdade, nem tudo está perto de acontecer, nem tudo é tão trágico como eu muitas vezes imagino. Eu adoro escrever pois isso me dá muita clareza, eu olho e entendo que sentimentos tenho agregados aos pensamentos, também mantê-los na minha cabeça geralmente não me ajuda a entender ou aliviar a ansiedade. Quando coloco-os no papel consigo enxergar e questioná-los melhor.

 É muito proveitoso questionar os próprios pensamentos, diversas vezes o que pensamos está muito longe de acontecer, ou pode não ser tão catastrófico quanto a nossa mente nos faz acreditar, questione-se até seus medos cairem por terra. Eu questiono vários pensamentos diariamente, às vezes eu acredito em coisas que me deixam muito tristes e nem são verdades, isso me motiva a ser crítica com o que penso, mas não comigo. Tento ser uma boa amiga pra mim, busco sempre me animar e motivar, me incentivar, isso me deixa muito feliz, porque sempre me tenho como amizade e nunca me sinto sozinha.

Ser fiel a uma rotina de exercícios tem um enorme impacto no cérebro e no corpo, alivia os sintomas de estresse e diminui a ansiedade. Os exercícios liberam substâncias que trazem sensação de bem-estar, como dopamina, seratonina e endorfina. 

Praticar algum hobby que te faça feliz, manter um pensamento positivo, dividir tudo isso com os amigos, cuide de você. Se preciso, busque um psicólogo, algumas vezes precisamos de uma ajuda externa, eu faço psicoterapia e amo os resultados dela na minha vida. 

Espero que você não se sinta sozinho(a), seu problema não é maior que você, tenho certeza que você conseguirá superar isso e vai viver muitos dias bons e felizes. :) Lembre-se que o que funciona para mim pode não funcionar para você, mas não desista!

Com carinho, Letícia

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