O que eu fiz para passar pelo processo de término?
Ninguém inicia um relacionamento achando que vai dar errado ou sem esperanças de um futuro. E para alguns aqueles que o relacionamento chegou ao fim, fica aqui minha experiência com o meu. Não foi por opção minha que o relacionamento que tive chegou ao fim, mas precisei aceitar a decisão do meu antigo namorado e sofrer a dor do término.
Nos primeiros dias foi muito difícil entender o que estava acontecendo, eu não queria aceitar o fim, ainda o amava muito. Eu fui atrás, mandei mensagens nos primeiros dias, tentei conversar e até questionei a decisão dele. Hoje vejo que mais do que amor, existia um apego enorme, e uma dependência emocional gigante. E não, não foi isso que me ajudou a ‘superar’o término, mas isso me deixou em paz comigo mesma na questão de ‘tentar o que fosse possível’ para não perder esse relacionamento. Não me arrependo de ter tido essas atitudes, acredito que se não tivesse agido assim eu estaria me questionando até hoje ‘é se eu tivesse tentado isso ou aquilo’. Vejo que nós dois fizemos aquilo que estava ao nosso alcance naquele momento, e consigo seguir em frente sem culpa e sem remorso.
O que de fato me ajudou e ainda ajuda a passar pelo processo do término?
Primeiro de tudo, eu por muito tempo estive em dependência emocional, o que isso significa? Que a razão da minha alegria e felicidade era meu antigo parceiro. Minhas emoções eram determinadas pelas emoções dele e comportamentos dele. Trabalhei isso fazendo psicoterapia, consegui juntamente com a psicóloga retomar o controle da minhas emoções e me responsabilizar por elas. Acho que o término é um processo bem doloroso, e passar por isso com a felicidade determinada pela outra pessoa pode dificultar o processo. Como comentei antes, eu não queria terminar pois eu estava sentimentalmente ligada a ele, quando entendi que o que eu penso e sinto são opções minhas em relação ao que acontece na minha vida as coisas começaram a ser diferentes.
Algo que me ajudou muito nesse processo foi começar a escrever, eu sei que meu ex não aguentava mais receber mensagem minhas HAHA e até me bloqueou (sim eu fui bem insistente) e eu precisava falar aquelas coisas, precisava tirar do meu coração, precisava entender o que errei, o que acertei, precisava entender aquela confusão de sentimentos, eu precisava ser ouvida e precisava expressar o que tava passando. Minha mãe me ouviu muito, minhas amigas e amigos, minha psicóloga, enfim tive muito suporte, mas acredito que há coisas que você precisa passar sozinha, se entender sozinha, e também não tinha ninguém com a disponibilidade de tempo suficiente pra me ouvir falar tudo que eu precisava, então eu escrevia... Criei um caderno com tudo que queria falar pra ele, tudo que eu sentia e pensava, o que me ajudou a ter clareza sobre o que eu estava sentindo, se era saudades, se era raiva, se era tristeza, se era carência, etc. Eu percebi que nem tudo que pensamos é verdade, e é preciso tomar cuidado com a direção que nossos pensamentos podem tomar. Ao escrever eu precisava refletir sobre muitas coisas, e quando relia percebia que o que estava escrito as vezes não era uma verdade, era minha mente tentando me sabotar.
Esse eu considero um dos mais importantes, decidir seguir em frente. Foi MUITO difícil escolher olhar pra frente, nossa por um bom tempo eu tive ânsia de vomito de pensar em ter que amar, beijar, abraçar, conhecer uma nova pessoa. Eu odiava essa ideia de ter que superar, mas não tive escolha. Eu por um tempo tentei ir atrás, mas no momento que entendi que tinha feito o que podia, eu parei. Lembro de ter lido algo que dizia ‘ele tomou a decisão racional de terminar, e é preciso tomar a decisão racional de seguir em frente’, então entendi que o sentimento de ‘superar’ não viria a mim como mágica, era preciso que eu decidisse não olhar pra trás, tomei várias frases como essa como um mantra e repetia pra mim quando pensava em fazer algo diferente dessa decisão. Eu decidi, escolhi todos os dias e todas as horas não stalkear, escolhi não chamar ele, escolhi guardar/jogar fora o que me lembrasse nós, escolhi deixar ir de todas as formas possíveis. Não consegui apagar todas as fotos, não consegui jogar os presentes fora, não consegui me desfazer de tudo, e nem me cobrava isso, eu entendi que foi o suficiente decidir seguir em frente, e fui fazendo o que podia a cada dia. Eu entendi que não era necessário me forçar a jogar tudo fora, pois ainda guardava lembranças muito boas, e tive experiências maravilhosas durante nosso tempo juntos.
Criar novas memórias. Esse conselho foi da minha mãe, como tudo o que tinha vivido nos últimos tempos era com meu antigo namorado era difícil seguir em frente com a mesma rotina, precisei mudar algumas coisinhas. Me reaproximei dos meus amigos, passei mais tempo com a minha família, aprendi a passar tempo comigo mesma e hoje eu adoro. Decidi olhar para todas as novas possibilidades de viver uma sexta love, um jantarzinho no sábado ou um domingo na sogra. Me aproximei de pessoas que me deram muito suporte, que queriam me ver feliz e que tiveram carinho comigo nesse tempo. Eu tive bastante zelo comigo nessa fase, passei dias em casa só chorando, mas coloquei um tempo final pra chorar tudo que podia, então a partir dessa data eu tinha que reagir. Tentei ir pra academia na primeira semana, voltei chorando. Tentei sair com alguns amigos no sábado, voltei chorando. Eu tentei, mas ainda era cedo, e eu ficava feliz por ter ao menos tentando. Depois da deadline da fossa eu tinha que ir, mesmo sem vontade, era compromisso comigo mesma, fui pra academia, fui ver alguns amigos, e me dei a chance de viver o momento, de criar novas memórias. E foi ótimo, pois meu cérebro não quer voltar para o relacionamento o tempo todo, já que eu tenho vivido coisas gostosas sozinha.
De todas essas experiências a que foi mais importante pra mim, sem dúvidas, foi desenvolver amor próprio. Me conhecer, perdoar meu passado, ter orgulho da minha história, reconhecer minhas qualidades e defeitos, pontuar meus sonhos e objetivos. Todo esse processo foi doloroso, pois abriu feridas que estavam ‘quietinhas’, todavia, depois dele eu só consigo ser grata por ter aberto cada uma dessas feridas. Me amando em primeiro lugar eu recebo o amor que eu mereço antes de buscar em outro lugar. Tendo amor próprio eu aceito somente aquilo do que sou digna, eu me valorizo, eu me respeito, eu cuido de mim, eu me dou carinho, eu me satisfaço em mim, o que vem dos outros só soma na minha vida. Ainda tenho entendido isso, ainda é algo que eu quero melhorar, mas fico feliz de estar no caminho certo. Acho que o amor próprio vicia, quando começamos a cuidar de nós mesmos como merecemos nós não toleramos menos.
Eu espero que você lendo sobre tudo isso que passei encontre conforto nas minhas palavras e saiba que é realmente difícil passar por tudo isso, e muitas vezes há dores das quais queremos fugir ou ignorar, é comum pensar que podemos passar por isso sem sentir. Eu sugiro que você aceite essa dor, sofra o término, chore o que precisar, mas que você supere isso tudo com sucesso e leve como algo que te fez mais forte e mais madura. Eu também fiquei muito angustiada, eu busquei muita ajuda, eu fiz o que precisava para me sentir melhor.
Com carinho, Letícia
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